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A Viola Campaniça, também conhecida por Viola Alentejana, ouvia-se mais a acompanhar os cantes a despique nas festas e feiras do Alentejo mas, como qualquer outra viola, também já se tornou num instrumento familiar e conciliador de gerações à volta da mesa, bem como um membro obrigatório na maioria dos grupos musicais tradicionais da região. O que a diferencia das suas "irmãs" portuguesas é o facto de ser a maior de todas, de ser dedilhada apenas com o polegar e de ter cinco ordens de cordas.
A sua história diz ainda que quase foi dada como extinta, mas na década de 80 um trabalho de investigação e recolha, feito por José Alberto Sardinha, advogado e investigador da música tradicional portuguesa, intitulado "Viola Campaniça: O outro Alentejo", contribuiu substancialmente para que crescesse o interesse pelo instrumento e, pode dizer-se que, acabou mesmo por ser o responsável do seu renascimento. Desde então, a sua árvore cresceu e ramificou-se por todo o Alentejo e continua a expandir-se, abraçando outras regiões e géneros musicais.
Com cada vez mais admiradores e tocadores, este instrumento singular e único na sua sonoridade é, a par com o Cante, um símbolo da Cultura Alentejana que tem despertado o interesse de muitas gerações de músicos, dentro e fora da região. Se por cá, Paulo Colaço e Pedro Mestre são nomes incontornáveis e de referência na arte de tocar Viola Campaniça, em Évora é o de António Bexiga (RAIA), que já demonstrou em diversos projectos o porquê de se ter dedicado de corpo e alma a esta viola. O Gajo é um dos bons exemplos fora do Alentejo, que se apaixonou pelo seu som, mas também esta viola já tocou o coração de nomes conhecidos internacionalmente, como foi o caso de Eddie Vedder (Pearl Jam).
Hoje, a Viola Campaniça está bem viva e ganhou um papel fundamental no quotidiano da vida cultural alentejana, quer pela memória que acompanha o Cante, quer pela descoberta de novas sonoridades que dela exaltam e que nos apresentam um futuro promissor para esta obra de arte feita à mão.
Por isso, a Oficina Luthier Cardoso, onde pai e filho constroem e reparam violas, situada em Trindade, vai receber este fim-de-semana uma residência na qual se vão juntar tocadores, para uma conversa com os artesãos e António Bexiga (RAIA), que também fará o concerto comentado que encerra o evento. Nesta reunião à volta da Viola Campaniça, vão estar ainda os tocadores que fizeram a oficina no Centro UNESCO, em Beja, e ao longo de três dias vão tocar e falar sobre o instrumento e o seu repertório ancestral e contemporâneo.
E o programa é o seguinte:
Sábado, 18 de Fevereiro
Oficina Luthier Cardoso (Trindade, Beja)
10h30 às 13h: Viola Campaniça acústica – exploração sonora do instrumento acústico e técnicas de execução
15h às 18h: Amplificação e utilização de pedais de efeitos. Rig Rundown de RAIA
Domingo, 19 de Fevereiro
Oficina Luthier Cardoso (Trindade, Beja)
10h30 às 13h e das 15h às 18h: Reportórios tradicionais e nova música para Viola Campaniça. Universo sonoro de RAIA. Mini residência para arranjo de uma música com todos os participantes.
Os participantes são convidados a levar o seu próprio instrumento.
Segunda-feira, 20 de Fevereiro
Centro UNESCO (Beja)
19h: Concerto-comentado. Viola Campaniça, modas tradicionais, loops e pedais de distorção com RAIA e participantes na oficina e residência.
As entradas são livres e as inscrições são gratuitas para a oficina e residência, no entanto serão limitadas à lotação da sala.
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